Vereadora do PC do B Karina teve 71% de doações de fornecedora da ONG.

ONG de ex-atleta é suspeita de fraudar convênio com Ministério do Esporte

Após denúncia de suspeita de desviar recursos repassados pelo Ministério do Esporte por meio do programa Segundo Tempo, que visa incentivar a prática esportiva entre crianças e adolescentes carentes, a organização não governamental (ONG) pra frente Brasil, fundada pela ex-atleta Karina Valéria rodrigues  funcionou normalmente nesta segunda-feira (17) em Jaguariúna. A entidade foi a que mais ganhou recursos federais por meio do programa, no valor de R$ 28 milhões nos últimos seis anos. Pelo menos, duas das empresas fornecedoras da entidade contribuíram com 71% das doações oficiais para a campanha nas eleições de 2008 para vereadora. Segundo a Prefeitura de Jaguariúna, será aberta uma averiguação de contrato para apurar as denúncias. Uma resposta deve sair em 30 dias.

As contribuições da empresas investigadas foram no valor de R$ 28,5 mil e estão na declaração registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Em 2008, Karina se elegeu vereadora em Jaguariúna, pelo PCdoB, mesmo partido do ministro Orlando Silva. Uma reportagem exibida no Fantástico deste domingo (16) revelou que uma das empresas contratadas pela ONG pertence a um assessor da ex-atleta, Reinaldo Morandi, que sem saber que estava sendo gravado, ele admitiu que trabalha para a vereadora. Mas, ao ser entrevistado negou a ser funcionário da vereadora.

Morandi é um dos sócios da principal fornecedora da ONG, a RNC Comércio de Produtos Alimentícios, que funciona em Campinas. A empresa foi contratada pela Brasil Pra Frente e recebeu mais de R$ 10 milhões entre 2007 e 2010. Em janeiro de 2010, foi assinado um contrato entre a empresa e a ONG no valor de R$ 4,47 milhões para fornecimento de kits lanche por 21 meses.

Outras duas empresas de Pedreira também podem ter sido usadas para o desvio de recursos, segundo o Ministério Público. A empresa Esporte e Ação, também contratada pela ONG da ex-jogadora Karina, é suspeita de ser de fachada, conforme o MP. Entre 2007 e 2010, a Esporte e Ação recebeu da ONG de Karina R$ 1,29 milhão para fornecimento de material esportivo. A dona da empresa é Cleide do Nascimento Villalva. A família Villalva tem outra empresa, a Marcelo Villalva - EPP, que também firmou contratos com a ONG de Karina. A Marcelo Villalva - EPP recebeu, entre 2007 e 2010, R$ 2,74 milhões para fornecer materiais esportivos e lanches.